Tiros

Município brasileiro localizado no estado de Minas Gerais

Tiros é um município brasileiro situado no estado de Minas Gerais, localizado na Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e na Microrregião de Patos de Minas.

Topônimo

O nome do município tem origem em um incidente ocorrido entre garimpeiros que se dirigiam ao Rio Abaeté e soldados do Quartel D’Assunção, em um córrego próximo à atual sede municipal. Após uma intensa troca de tiros, o local passou a ser conhecido como “Ribeirão dos Tiros”, denominação que mais tarde nomeou toda a região. Antes da emancipação, a localidade chegou a ser chamada de Santo Antônio dos Tiros, em homenagem ao seu padroeiro.

História

Pré-história

A região era originalmente habitada por indígenas da tribo dos Araxás. Vestígios arqueológicos, como utensílios, foram encontrados em uma gruta localizada a cerca de seis quilômetros da sede do município.

Século XIX

Como prêmio pela abertura do caminho para as minas de Goiás, o capitão Antônio Fagundes Borba, descendente de Borba Gato e natural de Sabará, recebeu uma sesmaria na região onde hoje se encontra Tiros. Ele foi o primeiro homem branco a habitar o local, fundando a Fazenda Borbas.

Com a criação da rota para Goiás, outros caminhos foram fechados e diversos quartéis foram construídos para o controle do transporte de minérios — entre eles o Quartel D’Assunção e o Quartel Geral — administrados pelos irmãos Antônio e João de Morais Pessoa, que contribuíram, juntamente com os Borba, para o povoamento da região.

Borba x Morais Pessoa

Durante a Revolução de 1842, Tiros foi palco de duas batalhas entre as famílias Borba e Morais Pessoa. José Borba liderava os legalistas, enquanto Domingos de Morais Pessoa comandava os rebeldes. Na primeira batalha, os rebeldes tomaram o quartel-general; na segunda, com reforços vindos de Pitangui, os legalistas venceram e prenderam José Borba.

O episódio ficou marcado na história local, e ainda hoje o Morro da Vigia é lembrado como ponto estratégico do conflito.

Século XX

A primeira sede do povoado chamava-se Vila Velha, que servia como pouso de tropeiros. Em 1920, o professor Leôncio Ferreira sugeriu a transferência da sede devido à erosão que ameaçava o local. Em regime de mutirão, em 1928, a população limpou e demarcou a nova área, onde foi erguido um cruzeiro — atual localização da Igreja Matriz de Santo Antônio.

O novo núcleo urbano foi cuidadosamente planejado, com ruas de 15 metros de largura no sentido leste-oeste e avenidas de 20 metros com canteiros centrais no sentido norte-sul. No centro, uma praça de 14,4 mil m² destaca-se em frente à igreja.

Entre os pioneiros que se estabeleceram na nova sede estão Ernesto Bomtempo, Sebastião Dias, Agenor Faria e João Cruz. O então chefe do Executivo Municipal era José Bontempo de Oliveira. A mudança populacional da Vila Velha para o novo centro urbano foi concluída por volta de 1934.

Divisão Política

Originalmente, Tiros integrava o município de Quartel Geral. Por lei provincial de 1867, confirmada em 1891, foi criado o distrito de Santo Antônio dos Tiros, subordinado a Abaeté. Em 1923, tornou-se município independente.

Seu território inicial compreendia quatro distritos: Tiros (sede), Canoas, São José do Canastrão e São Gonçalo do Abaeté. Com o tempo, várias reestruturações territoriais ocorreram, resultando na criação dos municípios de São Gonçalo do Abaeté (1943) e Matutina (1953), definindo assim os limites atuais de Tiros.

Hierarquia Urbana

De acordo com o IBGE, Tiros pertence à Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e à Microrregião de Patos de Minas, composta por dez municípios. É o quarto menos populoso do grupo, à frente de Arapuá, Santa Rosa da Serra e Matutina.

Para fins de planejamento estadual, o governo de Minas Gerais inclui Tiros na Região V – Alto Paranaíba.

Demografia

Segundo o Censo de 2010, Tiros possuía 6.906 habitantes. Entre 2000 e 2010, houve decréscimo populacional de 0,92%, tendência que já se verificava na década anterior. A população é composta por 51,22% de homens e 48,78% de mulheres, com taxa de envelhecimento crescente (11,77% em 2010).

A estrutura etária é distribuída da seguinte forma: 20,03% com menos de 15 anos, 68,20% entre 15 e 64 anos e 11,77% com mais de 65 anos. O município já alcançou um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, reduzindo a mortalidade infantil para 13,6 por mil nascidos vivos — índice inferior às médias de Minas Gerais e do Brasil.